quarta-feira, 1 de julho de 2020

Coisas que ninguém te conta sobre morar na Irlanda (2020)

A Irlanda é uma ilha localizada no noroeste da Europa continental. Com espaço territorial total de 81,6 milhões de km quadrados, ela é dividida entre República da Irlanda, que compõe seis quintos da ilha, e a Irlanda do Norte, que integra o Reino Unido.

A república compõe a maior parte dos habitantes da ilha, com 4,92 milhões de pessoas, segundo o CSO (Central Statistics Office), 1,4 milhão só no condado de Dublin. Ao todo, são mais de 535 mil estrangeiros vivendo no país.

Morar na Irlanda é um sonho para muitos, realidade para alguns e, entre as experiências positivas e negativas, há algumas óbvias e outras nem tanto. Listamos alguns pontos que mostram segredos da Irlanda nem sempre conhecidos para você se preparar durante o planejamento da sua viagem.

1. A Irlanda é fria de verdade

Se o seu destino é a Irlanda, prepare-se: aqui faz muito frio. © V K | Dreamstime.com

Tá… Todo mundo comenta, reclama — inclusive os próprios irlandeses que, embora acostumadíssimos, aproveitam cada dia de sol como se fosse o último. Ainda mais para os brasileiros, o frio e a umidade são fatores que se pode levar um pouco mais de tempo para se acostumar.

Você raramente verá os termômetros marcando acima dos 18 graus, mesmo no verão, o que, em muitos lugares do Brasil, já é considerado um friozinho. Porém, pode confiar: vai conseguir colocar os braços de fora (não por muito tempo).

Mas é a chuva que faz o clima irlandês ser tão característico. Acredite se quiser: dos 365 dias do ano, 151 são chuvosos aqui na Ilha. No inverno, o frio castiga ainda mais, com chances de neve entre os meses de dezembro e março.

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Apesar de a neve não ser tão comum por aqui, principalmente na capital, em 2018, uma tempestade deixou Dublin branquinha no mês de março. A Beast of The East, como ficou conhecida, não só realizou o sonho de tantos brasileiros intercambistas que nunca tinham visto neve, mas provou que a Irlanda não é preparada para esse tipo de evento.

Os Irlandeses atacaram os supermercados, como um ensaio para o apocalipse, acabando com os estoques de pão e leite. O comportamento desesperado dos nativos gera piadas e memes até hoje.

2. A dificuldade de encontrar moradia é grande

Encontrar apartamento, casa ou um puxadinho para morar na Irlanda se tornou um tormento. A Irlanda passa por uma forte crise no setor imobiliário, que afeta não somente os estrangeiros, mas os próprios nativos.

A crise se alastrou por todos os setores. Porém, a classe estudantil internacional é uma das mais atingidas, pois, com a alta demanda, os aluguéis não param de subir. Ambas as classes foram às ruas em protesto, solicitando ao governo irlandês uma solução imediata para a crise.

Portanto, prepare-se. Ao perambular pelos grupos de brasileiros no Facebook, não se assuste ao se deparar com anúncios de vagas que, em qualquer outra circunstância, pareceriam absurdas: estamos falando de apartamentos com 15 pessoas, quartos com múltiplas beliches, dividir cama de casal com desconhecidos e por aí vai.

Isso tudo cobrando um valor abusivo que vai de 300 a 550 euros, dependendo da localização. O conforto (ou luxo) de ter um quarto single pode pesar muito pro bolso do mero estudante estrangeiro, fazendo com que ele desista e se submeta a esse tipo de condição por necessidade.

Leia também: Dublin está entre as cinco cidades europeias mais caras para alugar

A cidade escolhida também conta. Como toda grande metrópole, morar em Dublin é mais caro — enquanto você tem facilidades com o transporte, comércio e serviços, o preço é altamente proporcional. De acordo com dados de 2019, o preço médio do aluguel na capital irlandesa bateu recordes e atingiu o surpreendente valor de 1.400 euros.

Quem tiver o orçamento mais baixo para o intercâmbio e quiser optar por uma experiência mais interiorana, que tal conhecer um pouco mais sobre outras cidades irlandesas que recebem estudantes estrangeiros? Dá uma olhada nessa listinha aqui:

Galway

É a segunda cidade queridinha pelos intercambistas. Perdendo apenas, é claro, para a capital Dublin. Com quase 80 mil habitantes, Galway é perfeita para quem busca a qualidade de vida do interior, mas não quer perder as facilidades oferecidas por uma cidade grande. É charmosa, apaixonante e com aluguéis mais em conta.

Outro ponto positivo é que há menos brasileiros vivendo na região, o que torna o inglês quase obrigatório. Embora Galway não ofereça tantas oportunidades de emprego como Dublin, por exemplo, a concorrência por lá é bem menor, o que aumenta as chances de conseguir um job.

Cork

Muitas vezes subestimada pelos brasileiros, Cork também é uma cidade preparada para receber os estudantes de inglês com ótimas escolas e muitas oportunidades de emprego. Se você é da área de tecnologia, então, talvez Cork seja uma boa pedida. Isso porque algumas gigantes da área, como Apple, Facebook, Dell, entre outras, estão por lá.

Limerick

Fundada pelos Vikings e bem menos explorada pelos brasileiros do que os destinos anteriores, a cidade de Limerick é para quem busca qualidade de vida e baixo custo. Quem não sentir falta do centro da cidade movimentado e quiser apostar em uma experiência bem irlandesa, deve considerar fortemente o intercâmbio por lá. A melhor parte é que o preço médio do aluguel é 50% mais baixo do que Dublin.

Leia também: Aluguel na Irlanda: onde é mais barato? 

3. A qualidade de vida é boa, mas o custo de vida não é barato

A qualidade de vida na Irlanda é incontestável, mas o custo de vida não é dos mais baratos. © Tanyashir | Dreamstime.com

Você faz TODAS as contas, mas, quando chega ‘na real’, no dia a dia, parece que elas não batem em relação às previsões feitas no Brasil e novas parecem brotar a cada semana — ou dia.

Cuidado com as extravagâncias das primeiras semanas. Concentre-se nas prioridades. É muito comum relatos de estudantes morando na irlanda que torraram os 3 mil euros obrigatórios em menos de dois meses.

Viver na Irlanda não é barato. Como já citamos ali em cima, o aluguel é o maior inimigo de quem mora na Ilha, mas outros gastos também pesam no custo de vida irlandês. O transporte público, por exemplo, é de alta qualidade, mas está longe de ser entre os mais baratos.

O Dublin Bus, o serviço de ônibus da capital, pode custar entre 1,50 e 3,30 euros por viagem. O Luas, uma espécie de trem urbano de baixa velocidade, vai de 2,10 a 3,30 euros. Claro que, com o cartão de estudante, o Leap Card, o valor é reduzido. Pagando 20 euros por semana, você tem passe livre para viajar quantas vezes precisar ou quiser de ônibus pela cidade.

Por outro lado, é importante destacar que a Irlanda tem um dos maiores salários mínimos da Europa: 10,10 euros por hora. O poder de compra, portanto, é um ponto superpositivo daqui, com destaque para as compras de supermercado. As redes Audi, Lidl e Tesco são conhecidas pelo custo-benefício dos produtos. Confira nosso vídeo atualizado sobre compras de supermercado na Irlanda:

Quando o assunto é roupas, algumas redes são famosas por apresentarem um precinho bem camarada. Você já ouviu falar da Penneys? Conhecida no resto da Europa como Primark, a loja de departamento tem de tudo que você possa imaginar.

De peças necessárias pro guarda-roupa de clima europeu a produtos de skincare, papelaria, cama, mesa e banho. A qualidade é muitas vezes questionável, mas o preço é imbatível. É quase impossível não passar por lá, principalmente no início do intercâmbio. Outras lojas como Zara e H&M também fazem promoções regularmente, e os preços caem bastante.

4. A saudade de casa vai apertar

Sempre entre as mais citadas, a saudade bate: de tudo… Até do vendedor de pipoca da praça — mesmo que você não goste de pipoca ou nem tenha frequentado a praça do seu bairro. O desafio de viver longe daqueles e daquilo que amamos, no começo, parece menor que o desafio do intercâmbio e da nova vida no exterior. Mas, com o passar dos dias e conforme as dificuldades relacionadas às novidades de uma nova cultura que batem à porta, a saudade aperta.

Por outro lado, a comunidade brasileira é muito presente na Irlanda, o que pode ajudar — e muito — quando a saudade bater. Na capital Dublin, não faltam opções de mercados e restaurantes brasileiros, com os pratos e quitutes mais tradicionais da nossa terra. Feijoada, rodízio de pizza, churrascaria, pastel, coxinha e, até, a famosa comida “japonesa-brasileira” você encontra aqui.

Leia também: É verdade que só tem brasileiros na Irlanda?

Quando se trata de eventos, os “Bê-Erres” também marcam forte presença. Alguns pubs têm programação brasileira semanalmente, acredite se quiser. Samba, pagode, MPB, funk, música sertaneja, sem contar diversos artistas que passam por aqui em turnê pela Europa. Somente no ano passado, nomes como Criolo, Emicida e Martinho da Vila lotaram as casas de show em Dublin.

5. Higiene duvidosa

Europeus, em geral, têm fama de não gostarem de tomar banho — e ainda há quem diga que é cultural e histórico. Porém, banho diário e uso do desodorante, definitivamente, não fazem parte do dicionário nem dos hábitos recorrentes de muitos irlandeses, assim como escovar os dentes diversas vezes! E vale até mascar chiclete depois da refeição como costume.

Acredite, dependendo de onde você morar ou dividir casa, pode haver, inclusive, restrição no número de banhos. É isso mesmo. Um por dia and that’s all.

6. Você vai pagar pela televisão

Acredite, não é por causa do idioma, mas a maioria da programação dos canais de TV irlandeses é tenebrosa do ponto de vista dos brasileiros. Há, inclusive, uma novela que já dura mais de duas décadas. Você certamente vai estranhar o ritmo, e algumas programações podem beirar o tosco.

Por outro lado, não se esqueça: os programas televisivos são ótimos para entender a nova cultura e também praticar o ouvido para a nova língua. Vale considerar o esforço.

7. Saúde pública não é lá essas coisas

Como funciona a saúde pública na Irlanda?

O sistema de saúde é um pouco limitado para estudantes. Para atendimento em consultas com clínico geral, é preciso desembolsar entre 45 e 60 euros. Crédito: depositphotos / alexraths

Mesmo com o seguro saúde, o sistema é um pouco limitado para estudantes que vivem na Irlanda. O seguro (governamental, que deve ser feito desde o Brasil e com apólice em inglês) é exigência e só cobre emergências.

Para atendimento em consultas com clínico geral, é preciso desembolsar, em média, entre 45 e 60 euros e, mesmo com seguro, emergências saem por 100 euros. Há uma grande dificuldade de acesso a especialistas no sistema público — quase tudo é resolvido pelo General Practitioner (GP), o nosso famoso Clínico Geral.

Isso sem contar com a qualidade do sistema público de saúde daqui, que está longe de ser das melhores. Portanto, esse tópico não deve ser negligenciado jamais. Greves e paralisações de enfermeiros, falta de macas nos hospitais, longas filas de espera e erros gravíssimos de diagnóstico são alguns dos problemas que o país vem enfrentando nos últimos anos na área da saúde.

Leia também: Tudo sobre o sistema de saúde na Irlanda

Por esses e outros motivos, é altamente recomendado que o intercambista faça um seguro saúde privado para não passar por sustos e perrengues durante a estadia na Ilha Esmeralda.

Ninguém está livre de contrair uma doença, principalmente quando há uma mudança brusca de ambiente, clima e estilo de vida. Fora que acidentes também podem acontecer, infelizmente.

Outro aviso importante sobre a saúde aqui é em relação a remédios. Alguns medicamentos que são vendidos livremente em farmácias brasileiras são comercializados só com receita médica aqui.

Quem toma anticoncepcional, por exemplo, vai ter uma surpresa quando chegar à Irlanda. A venda da pílula é realizada apenas sob prescrição médica. E, como já avisamos, cada ida ao GP custa, em média, 50 euros. Melhor trazer a quantidade de cartelas necessária do Brasil.

8. As oportunidades de trabalho têm aumentado, mas…

© Marchmeena | Dreamstime.com

O desemprego continua caindo na Irlanda, o que prevê ainda mais oportunidades em 2020 (uma ótima notícia). Há, também, indicativos positivos para a contratação de estrangeiros. Porém, não se iluda. É preciso batalhar para conseguir sua vaga.

O processo é complexo e repleto de exigências — desde a busca pela vaga, o preenchimento de requisitos até o visto adequado. E não se esqueça, fuja sempre da ilegalidade!

Para intercambistas, áreas de hotelaria e restaurantes são os mais procurados, já que a frequência de apenas 20 horas semanais (exceto no verão europeu, quando os estudantes podem trabalhar 40 horas por semana) impediria um emprego mais formal.

A boa notícia é que o governo irlandês está abrindo cada vez mais as portas para os profissionais estrangeiros. No ano passado, o Departamento de Business, Enterprise and Innovation (Negócios, Empresas e Inovação) anunciou que a lista de profissões e áreas consideradas Critical Skills iria aumentar.

Essa lista corresponde às áreas onde há profissionais em escassez no mercado de trabalho na Irlanda. Logo, são esses os profissionais estrangeiros com maiores chances de conseguir um visto de trabalho no país.

Leia também: Guia: como conseguir um visto de trabalho na Irlanda

Não é nenhuma novidade que os especialistas da área de Tecnologia da Informação são os mais cobiçados na Ilha. Como já comentamos, alguns dos gigantes do ramo estão sediados na Irlanda, como o Facebook, Apple, Dropbox. Essas empresas estão sempre procurando profissionais altamente qualificados.

Uma forte característica do mercado de trabalho irlandês é o tipo de recrutamento, que, na maioria das vezes, é feito com base em sites de emprego e principalmente no perfil do LinkedIn. Vale a pena deixar sempre atualizado e participar dos processos seletivos (geralmente bem demorados, diga-se de passagem) antes mesmo de desembarcar na Irlanda.

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Coisas que ninguém te conta sobre morar na Irlanda (2020) publicado primeiro em https://www.e-dublin.com.br/

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