Tentar a vida em outro país é o desejo e a conquista de muitos brasileiros, principalmente na Irlanda. Uma vez que a permanência está mais estabilizada para viver no país – seja por conta da cidadania europeia ou o visto de permissão de trabalho – está na hora de se preparar financeiramente para uma vida mais estável e com maior segurança para os próximos anos.
Além da reserva de emergência, o planejamento da aposentadoria é essencial para todas as pessoas, seja para brasileiros no Brasil ou brasileiros em qualquer lugar do mundo.
Mas como se planejar para a aposentadoria vivendo no exterior?
Como saber se tenho direito à previdência?
O primeiro passo a ser tomado é verificar quais são os seus direitos referentes ao quanto você irá receber quando se aposentar na previdência social do Brasil e se você se enquadra para receber uma previdência em outro país.
No caso da Irlanda, existem as pensões estatais. Cada uma delas têm suas peculiaridades, diferenciando-se de acordo com o caso de cada pessoa, mas essa conta deve feita para saber qual seria o valor total da sua aposentadoria.
É importante ressaltar que os sistemas de previdências sofrem mudanças ao decorrer dos anos, e essa conta deve ser baseada nas regras e contribuições atuais e, conforme ocorram modificações, o planejamento deve mudar para se adequar a elas também.
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Planejamento estratégico para aposentadoria
Para saber como planejar sua aposentadoria, os seguintes questionamentos devem ser feitos:
- Quais são as fontes de renda que poderei contar? (previdências, investimentos, aluguéis etc.)
- Qual “salário” desejo receber quando me aposentar (e não poder mais trabalhar) para manter/aumentar meu padrão de vida?
- O que foi calculado é valor suficiente?
- O quanto devo poupar e investir hoje para chegar nesse valor?
Lembrando que quando o momento da aposentadoria chegar, geralmente já somos idosos e o estilo de vida muda muito. As receitas diminuem e as despesas aumentam por conta de outros gastos que não tínhamos, como remédios e tratamentos médicos. A velhice chega para todos, e quanto mais cedo você começar a se organizar para se aposentar, melhor.
Aposentadoria no Brasil ou no país residente?
Quanto às aposentadorias sociais, se você é brasileiro e reside em outro país, o que você precisa saber primeiramente é se o país onde está vivendo apresenta um acordo previdenciário internacional.
O período de trabalho no Brasil pode ser aproveitado no país onde está morando, permitindo inclusive a soma desse período com o tempo já recolhido no país. Nesse caso, o cidadão precisa estar em situação regular no país de acolhimento, que será responsável pelo pagamento dos benefícios em sua própria moeda, conforme o período de contribuição nele realizado pelo trabalhador.
Observação: os acordos mantidos com diversos países podem apresentar diferentes características, portanto, cabe salientar que cada caso deve ser analisado em particular, visto que o tema é complexo e envolve muitas variáveis.
Países com acordo previdenciário internacional
O Brasil participa de acordos bilaterais e multilaterais, que abrangem vários países numa mesma convenção.
Acordos bilaterais:
- Alemanha
- Bélgica
- Cabo Verde
- Canadá
- Chile
- Coreia do Sul
- Espanha
- França
- Grécia
- Itália
- Japão
- Luxemburgo
- Portugal
- Quebec
Acordos multilaterais:
- Argentina
- Paraguai
- Uruguai
- Argentina
- Bolívia
- Brasil
- Chile
- El Salvador
- Equador
- Espanha
- Paraguai
- Peru
- Portugal
- Uruguai
Países sem acordo previdenciário internacional
Os cidadãos que atuam em países que não mantém esses acordos de previdência com o Brasil (como é o caso da Irlanda) não podem somar o tempo de serviço exercido nos dos dois países. Nesse caso é necessário completar o tempo total exigido no outro país, ficando submetido às obrigações trabalhistas e previdenciárias locais.
Por outro lado, o trabalhador pode optar por contribuir ao INSS e reivindicar seus benefícios no Brasil. Todo cidadão brasileiro pode contribuir para a previdência nacional, mesmo trabalhando em outro país.
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A única exceção envolve o trabalhador que está vinculado ao sistema previdenciário de um país com o qual o Brasil mantém acordo de previdência social. Nesse caso ele estará amparado pela previdência daquela nação.
O brasileiro residente no exterior pode se filiar ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS) na condição de segurado facultativo. A inscrição pode ser feita diretamente pelo site do INSS ou por meio de procurador instituído no Brasil.
Alternativas como fontes de renda
Depois de se certificar qual a realidade em relação a sua previdência social, é fundamental se planejar para obter outras fontes de renda quando a aposentadoria chegar. Essas outras fontes podem variar entre aluguéis, investimentos e entre outros.
O importante é que a sementinha plantada hoje gere grandes frutos quando for o momento necessário, e quanto mais sementinhas plantadas, maior será sua independência financeira no futuro.
Previdência privada
Os planos de previdência privada são aplicações financeiras indicadas para objetivos de longo prazo, como a complementação de renda na aposentadoria. Os planos abertos de previdência privada estão disponíveis para qualquer pessoa. Eles são emitidos por instituições financeiras e distribuídos por corretoras de valores, corretoras de seguros e bancos.
Na Irlanda, as opções de pensão dependerão principalmente da sua situação profissional, embora você ainda possa escolher qual é a melhor para você.
- Se você estiver empregado, poderá estar coberto por um plano de pensão profissional patrocinado pelo empregador ou um plano relevante do setor público.
- Se você não estiver coberto por isso ou se não for um funcionário, poderá conseguir sua própria PRSA (Personal Retirement Savings Accounts — Conta Pessoal de Aposentadoria ou o RAC (Retirement Annuity Contract — Contrato de Anuidade de Aposentadoria.
Basicamente a principal diferença entre eles é que as PRSAs podem ser obtidas diretamente de empresas de serviços financeiros, como empresas de seguros de vida que são provedores de PRSA registrados, e as RACs podem ser obtido diretamente de empresas de seguros de vida.
O ideal é que cada pessoa verifique quais são as possibilidades de previdência privada no país onde reside, e se certifique qual seria a melhor opção para seu caso. Existem inúmeras variáveis que podem afetar como o valor arrecadado até então será recebido e é importante ter certeza de que o plano escolhido será o mais benéfico para você.
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Outros investimentos
Quando falamos de investimentos para a aposentadoria e receber os benefícios no longo prazo, o fundamental é sempre diversificar. E por que não conhecer outras formas de investir na aposentadoria sem ser através de previdências?
- Poupança: a poupança tanto no Brasil quanto na Irlanda (savings account) não são as melhores recomendações para quem quer aumentar os valores investidos, principalmente para a aposentadoria. Contudo, pode ser a melhor opção para quem não tem interesse em conhecer outras formas de investimento mais rentáveis e controlar as aplicações, pois pelo menos irá render melhor do que o montante parado na conta (e não corre o risco de ficar gastando o tempo todo);
- Investimentos no Brasil: é possível sim investir em títulos brasileiros (tanto públicos – Tesouro Direto – quanto privados) se o investidor se sentir mais confortável. O importante é saber primeiramente qual é a sua situação em relação ao imposto de renda: se você fez a declaração de saída do Brasil e por isso não declara Imposto de Renda no Brasil, então você é um Investidor Não Residente.
- O investidor Não Residente para a maioria dos investimentos brasileiros iria precisar de um representante legal e pode acarretar altos custos, como é o caso do Tesouro Direto. Contudo, há aplicações que não precisam do representante, que é o caso do CDB no Banco que possui conta (e não na corretora), da Poupança e da Previdência Privada, que é regulamentada pela SUSEP (Superintendência de Seguros Privados) e não pela CVM. A Previdência privada pode feita ser tanto no banco como em seguradoras independentes.
- Demais investimentos: existem outras aplicações interessantes que podem ser investidas no mercado internacional. Corretoras estrangeiras fazem investimentos em fundos do mundo inteiro, inclusive no Brasil, as chamadas fundos ETF’s.
- ETFs: são fundos que acompanham um índice de ações ou títulos de renda fixa (o termo em inglês significa Exchange-Traded Funds). No Brasil existem 15 tipos de ETFs que são de índices de ações, no site da BMF&Bovespa você acessa os ETFs negociados no Brasil. Porém no mercado internacional existem muitas opções de ETFs e é uma forma eficiente e de baixo custo de investimento, pois são fundos com baixas taxas de administração.
Dicas para melhorar planejamento
Investir na aposentadoria desde cedo é uma ótima decisão. Lembre-se de que, quanto antes você investir, menor vai ser a quantia mensal que precisará aplicar, sem contar que seu retorno será muito maior no futuro. Jamais esqueça a importância de pensar no seu futuro com antecedência.
Aqui vão algumas dicas para melhorar o seu planejamento:
- Se planeje para não gastar mais do que recebe, e assim poupar para seus objetivos financeiros, sendo os mais importantes a reserva de emergência e a aposentadoria;
- Defina o seu objetivo;
- Saiba com quais receitas poderá contar;
- Mantenha a regularidade dos seus aportes;
- Reveja sua estratégia.
Foto de capa: Anukrati Omar/Unsplash
Como planejar a aposentadoria no exterior? publicado primeiro em https://www.e-dublin.com.br/
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